Todo guerreiro já ficou com medo de entrar em combate.
Todo guerreiro já perdeu a fé no futuro.
Todo guerreiro já trilhou um caminho que não era dele.
Todo guerreiro já sofreu por bobagens.
Todo guerreiro já achou que não era guerreiro.
Todo guerreiro já falhou em suas obrigações.
Todo guerreiro já disse "SIM" quando queria dizer "NÃO".
Todo guerreiro já feriu alguém que amava.
Por isso é um guerreiro; porque passou por estes desafios, e não perdeu a esperança de ser melhor do que era.

Paulo Coelho

domingo, 8 de janeiro de 2012

PABLO NERUDA



Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração  procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
[Pablo Neruda]

LUIZ DE CAMÕES


Catarina é mais fermosa
Mote
Catarina
bem promete;
Eramá! como ela mente!

Voltas

Catarina
é mais fermosa
Pera mim que a luz do dia;
Mas mais fermosa seria,
Se não fosse mentirosa.
Hoje a vejo piedosa;
Amanhã tão diferente,
Que sempre cuido que mente.
Catarina
me mentiu
Muitas vezes, sem ter lei,
E todas lhe perdoei
Por uma só que cumpriu.
Se como me consentiu
Falar-lhe, o mais me consente,
Nunca mais direi que mente.
Má,
mentirosa, malvada,
Dizei: pera que mentis?
Prometeis, e não cumpris?
Pois sem cumprir, tudo é nada.
Nem sois bem aconselhada;
Que quem promete, se mente,
O que perde não no sente.
Jurou-me
aquela cadela
De vir, pela alma que tinha; 
Enganou-me; tinha a minha, 
Deu-lhe pouco de perdê-la. 
A vida gasto após ela. 
Porque ma dá, se promete; 
Mas tira-ma, quando mente. 
Tudo vos consentiria 
Quanto quisésseis fazer, 
Se esse vosso prometer 
Fosse por me ter um dia. 
Todo então me desfaria 
Convosco; e vós, de contente, 
Zombaríeis de quem mente. 
Prometeu-me 
ontem de vir, 
Nunca mais apareceu; 
Creio que não prometeu 
Se não só por me mentir. 
Faz-me, enfim, chorar e rir: 
Rio quando me promete, 
Mas choro quando me mente. 
Mas 
pois folgais de mentir, 
Prometendo de me ver, 
Eu vos deixo o prometer, 
Deixai-me vós o cumprir: 
Haveis então de sentir 
(...)



MINHA SENHORA

AS AMIZADES




Hoje é dia de aparecer. Não sei qual foi o ímpeto. Dia complicado com muitos afazeres. Nem parece que é sábado. Daqui a pouco verei um filme acompanhada de um bom vinho. Estava pensando nas pessoas que passam em nossas vidas, independente se são boas ou não. Aprendo cada vez mais que confiança é fundamental,mas por outro lado, todos cometemos alguns erros. Então o que será que move as amizades? Uma certa utilidade com afeição? No príncipio, talvez. Mas, tem algo que toca um ponto de nosso ser que nos deixa menos formal, menos na defensiva, com um gosto bom na boca. Nem sempre quero ver meus amigos. São dias que não quero a repetição. Quero algo inaugural, mesmo com o mesmo tom de pele e olhos. As coisas só acontecem nos encontros e não dá para idealizar, querer enquadrar o que sentimos e cumprir todas as expectativas. Espera-se sempre muito de um amigo. Eu já não espero tanto; apenas ser tocada quando for possível. As pessoas criam regras que nem sempre podemos cumprir e, com isso, estagnamos. Contudo, acontece algo comigo peculiar. Não quero mais algumas pessoas. Não que elas sejam más ou que tenham defeitos que eu também não os possua. É quando me dou conta que preciso fazer malabarismos porque não posso deixar fluir o que sinto, o que penso. Percebo um peso, uma certa sensação de melancolia, de algo que um dia foi e que não é mais possível. É maravilhoso também quando podemos dizer adeus, irmos em novas direções. Simplesmente porque a fonte secou; nada mais encanta. Apenas clichês. O cuidado com as palavras é grande porque elas querem me analisar e sem o meu consentimento. Saber que posso ir embora e ficar é muito bom, porque independente da ausência ou da presença, já pude aprender, já fui marcada. Todas as pessoas que passaram  já me afetaram e isso é lindo. Sou grata às amizades que nada me cobram porque sabem que gosto de voar, de estar em céus ainda não conquistados
    Marisa Speranza

MARTHA MEDEIROS

VERA & HELENA Fone : (35) 3212 - 7284 E-mail : nossosmimosmg@gmail.com - Rua Silva Bittencourt , 554, Centro Cep : 37.003-050 Varginha - MG

SER POETA

Tenho prá mim
que poeta já nasce pronto.
Alma de poeta é diferente
Encantamento
Sensibilidade
Percepção da responsabilidade

Toma palavra pela raiz
Da flor extrai puro matiz
Transforma amor em magia
O faz pulsar em agonia
Sobe aos céus,brinca nas nuvens
Mergulha na profundeza dos mares

Viaja por todos lugares
Com a sutileza do amante
Com a fúria de um gigante
Pelas lentes da emoção
Ordena os sentidos
Percebe os ruídos

Pelos caminhos da poesia
Sua alma,sua palma
Sua arma ,sua palavra
Atirada na hora exata
Como fogo e ferro
Queima...Crava!

(Lage "Mazéh")

UMA DAS MULHERES MAIS INTELIGENTES - GUERREIRA TAMBÉM!






POETA SOU !?! 


Eterna aprendiz...
Deixei versos falando
E fui feliz por um momento
Definindo o destino de um país
Na agonia de um futuro incerto
Coberto de amarguras
Por certo...



Não sou épica,nem lírica
Desabafo em linha empírica
O coração em sobressalto
Jogo as convenções para o alto
E como camicase...salto!
Talvez para morrer no asfalto
Com flores a lamentar o fato.



Posso também cair num palco
Explodindo em emoção
No fogo da multidão
Feito lava de vulcão.
Quem sabe cair de susto,
ou bala...
Perdida na imensidão



Mas...se poeta sou,
Morrer de amor
Com certeza eu vou!



(Lage,Mazéh)

DO ALTO DA MONTANHA
.
Flores desabrocham formando um jardim,
Belo arco-íris da cor da Nação brasileira,
Fonte de água para saciar a vida inteira,
É o amor que cresce cá dentro de mim...
.
Reflete no espelho do seu meigo olhar.
Puro sangue correndo em nossas veias,
Tecendo a vida no casulo ou nas teias...
Uma vida que nasce e cresce para o amar.
.
Montanha verdejante que em nós habita,
Fazendo-nos apreciar o formoso luar,
E o mar com as suas águas cristalinas...
.
Uma onda de amor no peito se agita,
Do alto da montanha fico a contemplar,
As flores do amor, belas, puras e finas.
.
Esther Gonçalves
.

MARILDA

DA MINHA AMIGA MARLY

VERDADES

HOMENAGEM A MINHA AMIGA MAIS QUERIDA.





APOLOGIA A MULHER
Ser divinizado, essencial,
um toque de suavidade,
amiga, companheira,
amante, ente ideal,
brilhante claridade,
pacífica guerreira,
operária, mestra,
executiva, inteligência
e sensibilidade aguçadas,
para tudo se presta,
doce, amena, brisa,
supre toda carência,
surge na hora esperada,
presente mais presente,
coração sem dimensão,
lhe dou um canto bom,
mais fervorosa oração.
Chuva no árido,
consolo constante,
apascenta a terra,
adoça o ácido,
meigo semblante,
tantas virtudes, dons,
criação fértil, linda,
brado em mais alto som,
graça que não finda;
jeito de ser MULHER!

Gustavo Drummond



Solidão ... ( VII )

Sonho!
Estrada de pedras e flores, solitária...
Sigo!
Levo em meu sorriso
sensações lidas
que o grito ressuscita,
e na memória essa dor que fica...

Deixo saudades...
de talvez ter sido alguém de quem sonhou,
do amor pra se amar a vida inteira...
Guiada entre flores e solidão,
silencio uma parte da história...

Madrugadas de pingos de estrelas espremidas
entre saudade e solidão...
 Sonho, que perpetua nesse céu de nuvens azuis,
entre neblina, sol, luar...

Sonho, que me guia e banha nesse meu (a)mar...

Karmona® 

- MARIA BONFÁ -

- VERÔNICA #

DA COMUNIDADE DE UMA GRANDE E AMADA AMIGA"MARLENE"

ÚLTIMA POESIA DE UMA GUERREIRA

Última poesia.

Última para recesso,
Para que o âmago sinta
A falta de escrever
No escuro.
De sentir
Às claras,
De fugir
Do mundo.
Última para
recesso
Para o amante
Ter medo,
Sentir o enredo
De deixar uma paixão tão louca passar.
Última para recesso
Para que a caneta seque
O papel amarele
E a lágrima caia.
Última para recesso
Para que eu
Adormeça
E sinta sem medo
Saudade
Passada
E finde o
enredo.
[Marilda Amaral] 

CHORAR PRA QUÊ?
Jenário de Fátima


Detesto que alguém chore, choro junto
Perco a vontade de seguir em frente
Às vezes, de tão triste, eu, doente
Fico sem interesse, sem assunto.

Chorar pra que ? Sempre me pergunto
Se a vida passa assim tão levemente
Um choro bate ao fundo, dói a mente
Ecoa no meu "eu" e sofro muito.

Porém, algo me acolhe e de improviso
Lembro que também se colhe um riso
Daquela mesma boca em desatino

E deste riso aberto, rosto alegre
É a imagem que guardo e me segue
E volto então, de novo, a ser menino...

EXATAMENTE COMO ESTOU





ESSE AMOR...
O amor me revirou
Pelo avesso,
Me colocou
Contra a parede,
Desnudou meu âmago,
Expôs minha fragilidade,
Testou minha resistência,
Me tornou imbatível,
Mostrou o seu peso,
Aromou a cidade,
Cresceu indomável,
Simples e incompreensível,
Complexo, afável.
[Gustavo Drummond]



DUALIDADE

Quantas vezes nós mantemos relações,
Ante as quais não se vê nenhum futuro.
Ante as quais sempre surge novo muro
Nos cercando de muitas contradições.

Quantas vezes esquecemos as razões,
Nos tornando imprudentes, inseguros.
Mesmo a vida nos cobrando altos juros
Vamos contra a sensatez de opiniões.

Quantas vezes nós ficamos submissos,
De uma coisa que não sabemos ao certo
Se é bobagem, se é loucura ou feitiço.

Mesmo assim, o coração calado, mudo,
Consciente que de erro está coberto
Continua insistindo sempre em tudo.

Jenário de Fatima

ZORRO/DOM DIEGO DE LA VEIGA

Zorro é a fantástica lenda revisitada por Isabel Allende onde recria a história do jovem Diego de La Veja que se tornou no famoso herói que intitula este renovado romance.
Nascido Diego de La Vega em 1795, de um valente fidalgo – Alejandro - e da bela Regina, filha de um desertor espanhol e de uma xamã índia, o nosso herói cresce na Califórnia antes de viajar para Espanha, dividindo as suas aventuras pelo sul da Califórnia e pela Espanha napoleônica.
Allende reconstrói num floreado conciso a poeirenta Califórnia sob a égide do domínio espanhol, onde Diego cresce perante a injustiça racial contra os nativos explorados. Apesar de ser um privilegiado, o nosso herói mantém fortes laços com os oprimidos, contribuindo para o seu sentido apurado de justiça e identificação com as vítimas. Assume nomeadamente a amizade para a vida com o seu irmão-de-leite, Bernardo, apesar das diferenças sociais.
No entanto, é em Barcelona que o caráter revolucionário de Diego irá surgir, de tal modo que intriga Manuel Escalante, membro da sociedade secreta La Justiça, que se dedica à luta contra todas as formas de opressão. Recruta-o e aqui começa a construção do seu vistoso e secreto alteia.
O disfarce físico de zorro e a mentalidade social reformista vigente motivam-no a tornar-se adulto mais cedo e a lutar em defesa dos oprimidos. Com o leal Bernardo do seu lado, aperfeiçoa a sua fantástica destreza, evoluindo para um nobre herói, que mais tarde regressa à Califórnia para reclamar os bens da sua família, num duelo empolgante.
Assumindo o romance de outro escritor, redefinindo-o, esta foi a oportunidade de Isabel Allende para uma reconstrução histórica exaustiva de um mito que permanece vivo no imaginário dos leitores.
A história desventura e cavalheirismo, nas hábeis mãos de Allende torna-se num romance picaresco com um floreado pós-moderno.
Com uma intensidade dramática desarmante, Allende relata-nos pormenorizadamente a infância do Robin Hood do séc. XIX da Califórnia colonial, que os inúmeros filmes e séries de TV nunca abordaram.
A escritora mergulhou na sua ampla fonte de talento, trazendo à tona um herói mais humano, insuflando-lhe uma nova vida e dotando-o de coração, de alma, de mente e de um espírito indomável, com falhas humanas. Zorro deixa de ser um semideus às mãos de Allende.
A sua intenção parece óbvia: revelar o homem por detrás da máscara, completando o alfabeto, este reduzido pelo público à letra Z.
Este livro é um daqueles perfeitos e raros momentos de combinação entre o tema e o autor, acabando por ser um caso de amor. Os elementos da história são demasiado irresistíveis para  ela: o herói romântico, o campeão dos oprimidos, o cenário da exótica Espanha na Velha Califórnia, o disfarce, a identidade, e Allende enamorou-se de tal maneira pela personagem, que tornou-a sua, apropriando-se dela.
Aliás, Zorro é bem sucedido nas suas empreitadas, porque é grande o desejo da escritora de mostrar que todo o homem pode lutar pela justiça, se tiver determinação, porém falha em desenvolver-se para além das dimensões da sua lenda.
Ao criar a origem da lendária personagem através dos olhos críticos de uma das poucas mulheres que ele não seduz, a escritora desperdiçou a melhor oportunidade para ousar ir para além da lenda.
Allende é inventiva e inteligente ao criar um narrador misterioso, cuja identidade é revelada apenas no fim do livro, dotando-o de uma voz narrativa hipnotizante, que nunca perde o timbre e nunca esmorece em tensão ou entretenimento. Porém, este narrador não é consistente com o tom e observações que faz no livro, relativamente ao que afirma no início deste: que pretende honrar a memória de Diego.
A escritora adota as formalidades de tom do século XIX e, em variados aspectos, esforça-se por relembrar o leitor que esta é uma história contada a partir de uma vantagem particularmente preconceituosa, a da narradora. O propósito deste ventriloquismo não é muito claro. Apesar de contar a vida de Zorro com a autenticidade de uma testemunha, também tem o efeito de, na tradução, tornar a história um pouco arcaica.
Aliás, o charme do livro reside no seu ponto de vista totalmente feminino, desde a própria narrativa às personagens que o povoam. A iteração de Allende coloca mais ênfase nas poderosas mulheres da vida de Zorro e no à vontade do herói num mundo multicultural.
A escritora saboreou a complicada história de época, combinando pormenores históricos que não são gratuitos na história do herói, combinando a história espanhola com a história da Califórnia, povoando-as de contos míticos, viagens marítimas, aventuras de piratas e folclore nativo-americano.
Os seus parágrafos descritivos são como mercados cheios de gente, cada frase com a sua bagagem de detalhes, que se acotovelam por espaço, juntando-se numa autêntica amálgama de ruído e cor, explodindo numa caracterização vívida e numa narrativa com ritmo.
São estas descrições que tornam vivo o colorido local, que torna este livro delicioso.
Porém, como tem tanto para contar, restringe-se à exposição e ao sumário, fazendo pausas esporádicas para dramatizar cenas, empobrecendo o processo narrativo. Inclusive, empacota um capítulo com duelos, donzelas formosas e piratas com situações de suspense, mascarando ficção séria de fanfarronice. A história arrisca mas resiste, desencadeando o melodrama em cada reviravolta.
Esta história de aventura e romance clássico, com um final pós-moderno, está repleta de duelos de espada, viagens pelo mar, ataques de piratas, tradições nativas americanas e ritos, episódios de esgrima, injustiça social, sociedades secretas, vilões maléficos, duelos ao amanhecer, donzelas em apuros, amor não correspondido, acampamentos ciganos, quartos de desenho, drama, humor galhofeiro e muito mais.
Aliás, cada palavra escrita estremece com a diversão que a escritora colocou na escrita deste livro, que é acima de tudo, uma variação feminino-juvenil deste grande clássico do início do século.
Alexandra Gomes